Conhecida popularmente como paralisia infantil, a Poliomielite (ou pólio) é uma doença muito grave, com alto poder de contaminação e que afeta principalmente as crianças.
Felizmente, o último caso da doença registrado no Brasil foi em 1989 e o país recebeu a certificação de eliminação da doença em 1994. O Ministério da Saúde, no entanto, alerta que a doença pode voltar: a Poliomielite precisa ser erradicada do mundo inteiro para não oferecer mais riscos e o vírus ainda circula em alguns países como Afeganistão, Nigéria e Paquistão.
Por isso, medidas preventivas são necessárias para evitar o retorno da pólio e é importante ressaltar a importância da vacina contra a paralisia infantil e os meios de prevenção contra o Poliovírus. Sendo assim, neste artigo, você descobrirá tudo sobre Poliomielite e como se prevenir do vírus.
A Poliomielite é uma doença infecciosa aguda, causada por um vírus de gravidade extremamente variável: o Poliovírus. Essa doença pode afetar tanto adultos quanto crianças, mas como a maioria dos casos graves ocorrem na infância, ficou conhecida como “paralisia infantil”. Esse é o principal motivo do Ministério da Saúde reforçar anualmente a importância da vacinação contra a Poliomielite na primeira infância.
Após a infecção, a multiplicação e o desenvolvimento do vírus ocorre na garganta e no intestino, locais que permitem acesso ao organismo. Depois de entrar em contato com o organismo, o vírus ataca o sistema nervoso, onde faz a degradação dos neurônios motores. Dessa maneira, o poliovírus causa paralisia flácida, que é a fraqueza ou paralisia por redução da massa muscular de algum membro do corpo e, em casos mais raros, pode levar a óbito.
O contágio do Poliovírus acontece via oral, por meio de água ou alimentos contaminados. O contato com fezes ou secreções expelidas pela boca de pessoas infectadas também transmite o vírus.
Em alguns casos, a Poliomielite se apresenta de forma assintomática, ou seja, não demonstra nenhum sintoma. Entretanto, mesmo em casos assintomáticos, a pessoa pode transmitir o Poliovírus para outras. Esse é mais um motivo que reforça a importância da vacina contra a Poliomielite, já que o imunizante consegue frear a cadeia de transmissão do vírus.
Vale ressaltar que a Poliomielite pode se apresentar em dois tipos: a não-paralítica e a paralítica, sendo que seus sintomas podem variar de um tipo para outro.
Essa é a forma mais comum da doença e quando infecta o indivíduo, muitas das vezes os sintomas demoram para surgir e quando surgem são similares ao de outras doenças, como a gripe. Os sintomas da Poliomielite não-paralítica podem ser, por exemplo:
Em alguns casos a infecção pelo Poliovírus pode se agravar e ocasionar a Poliomielite paralítica ou abortiva, como também é conhecida. Essa forma da doença é bem mais grave e pode receber outros nomes, dependendo do “local” afetado, como a Poliomielite espinhal (quando afeta a espinha) e a bulbar (quando afeta o cérebro).
Os sintomas da Poliomielite paralítica podem ser similares aos da não-paralítica, como dores de cabeça frequentes. Em casos específicos, há novos sintomas, como:
A Poliomielite pode causar diversas sequelas motoras em pessoas que contraem o vírus. As infecções no cérebro e na medula não têm cura e precisam ser tratadas com fisioterapia e atividades que fortaleçam os músculos para proporcionar mais autonomia e qualidade de vida aos acometidos. As sequelas mais comuns são:
A vacinação é a única forma de prevenir a ação da Poliomielite. Mas, quando há baixa aderência da população às campanhas vacinais, o risco de novos surtos da doença aumenta. É o caso do sarampo, que reapareceu no território brasileiro depois da doença já ter sido erradicada.
Sendo uma doença conhecida há milhares de anos, a Poliomielite foi um enorme problema de saúde pública nos séculos 19 e 20, com surtos e epidemias registrados em várias partes do mundo. A história começou a mudar a partir da década de 1950 e 1960, quando foram desenvolvidas as duas vacinas usadas até hoje.
Provando o sucesso e a eficácia da vacina, os casos da doença caíram 99% desde que os esforços para a erradicação da Poliomielite avançaram por todos os continentes. Para se ter ideia, em 1988 foram registrados 350 mil diagnósticos de pólio em 125 países. Em 2021, o vírus permanece endêmico em apenas dois lugares: Paquistão e Afeganistão, que registraram 5 casos nos últimos 12 meses.
Porém, nos últimos anos a cobertura vacinal contra a poliomielite tem deixado a desejar, o que vem preocupando os profissionais de saúde. Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de imunizados contra a pólio caiu consideravelmente de 2015 para cá. E o Brasil foi classificado como um país com alto risco de volta da Poliomielite, segundo informes divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) ao longo do segundo semestre de 2021.
Para se ter uma noção do problema, há seis anos, 98,2% do público-alvo recebeu todas as doses da vacina contra Poliomielite. Entretanto, em 2020, apenas 75,9% das crianças receberam todas as doses do imunizante. Em outras palavras, uma em cada quatro crianças brasileiras não está suficientemente protegida contra a paralisia infantil, e é justamente esse altíssimo número de não vacinados que preocupa as autoridades de saúde e colocou o Brasil na lista dos países com “alto risco” para a reintrodução da pólio nas Américas.
Ou seja, no atual cenário, com cerca de 1 milhão de crianças suscetíveis à doença, há o perigo iminente de uma pessoa infectada com pólio vir de fora e criar cadeias de transmissão internas, algo que não é visto no Brasil há mais de três décadas.
A vacina contra a Poliomielite pode ser de dois tipos:
Ela é uma vacina trivalente e injetável, aplicada de forma intramuscular, composta por partículas dos vírus da pólio tipos 1, 2 e 3. Por se tratar de uma vacina inativada, ou seja, que contém amostras “mortas” do vírus, não tem como causar a doença.
Sendo a famosa vacina de gotinha, a VOP é um imunizante oral atenuado, ou seja, que utiliza o microrganismo vivo, mas enfraquecido, em sua composição. A Vacina Oral Poliomielite protege contra os vírus da pólio tipos 1 e 3.
A imunização contra a Poliomielite deve ser iniciada a partir dos 2 meses de vida, com mais duas doses aos 4 e 6 meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos 4 anos de idade.
Na rotina de vacinação infantil, as crianças devem tomar o imunizante intramuscular aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade. Na rede pública, as doses de reforço são feitas com a vacina de gotinha depois que a criança completa um ano de idade.
Já a vacina de gotinha é incluída no calendário vacinal infantil nas Unidades Básicas de Saúde nas doses de reforço que devem ser aplicadas aos 15 meses e aos 4 anos de idade e em campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos.
Vale ressaltar que a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) é uma vacina combinada, que reúne diversas imunizações em uma única dose de vacina e protege de várias doenças ao mesmo tempo. Ela é uma alternativa prática, porque substitui as aplicações separadas de diversas vacinas.
Com isso, é possível diminuir o número de aplicações e, assim, reduzir a dor na criança, o número de visitas ao posto ou à clínica de vacinação, evitar o atraso no calendário vacinal e ainda facilitar a logística necessária para o transporte e armazenamento das vacinas – o que reduz custos. Existem dois tipos de vacinas combinadas contra a Poliomielite, sendo elas:
A Vacina Pentavalente Acelular protege contra cinco doenças, sendo elas: difteria, tétano, coqueluche, meningite por Hib (bactéria Haemophilus influenzae tipo b) e a Poliomielite. Sendo aplicado em 2 doses, ela é imprescindível para o calendário vacinal da primeira infância e deve ser tomada por bebês aos 4 e 15 meses.
Já a Vacina Hexavalente Acelular protege contra as cinco doenças cobertas pela Vacina Pentavalente Acelular e também protege contra a hepatite B. O imunizante deve ser tomado por crianças aos 2 e 6 meses de idade.
Vale lembrar que a criança só precisa tomar uma das duas vacinas (pentavalente ou hexavalente), visto que elas protegem quase que contra as mesmas doenças, e caso a imunização seja feita com a Vacina Pentavalente Acelular, a criança precisa tomar separadamente a Vacina de Hepatite B.
Além disso, o importante é que – independente da vacina que o bebê tome – ele receba as doses pontualmente como consta na carteirinha de vacinação e que ela continue com as aplicações das vacinas de reforço na fase adulta, principalmente em casos de viagens para países onde a Poliomielite ainda é endêmica.
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